A Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump) é uma fundação pública de direito privado, com estrutura de gestão composta por três conselhos (Diretor, Curador,  e Fiscal). A Fump realiza prestações de contas anuais, auditadas por auditores externos, aprovadas por seus Conselhos e pelo Conselho Universitário da UFMG. Além disso, conta com ações de regulação pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais, por meio da Promotoria de Tutela de Fundações.

A Fump tem por objetivo executar a Política de Assistência e Permanência Estudantil da UFMG em seus princípios, eixos estruturantes, programas e ações. Tem como público-alvo estudantes da UFMG, prioritariamente, em situação de vulnerabilidade econômica, risco social e cultural. Assim sendo, concorre para a permanência estudantil, contribuindo para a redução de índices de retenção e prevenção da evasão acadêmica.

A história da Fump se confunde com a trajetória da própria UFMG. Quando a Universidade foi criada, em 1927, com o nome de Universidade de Minas Gerais (UMG), o ensino era pago, o que dificultava o acesso da população em situação de vulnerabilidade. Naquele momento, havia grande articulação na comunidade universitária pela assistência estudantil, bandeira defendida com muita determinação pelo primeiro reitor da UMG, o professor Francisco Mendes Pimentel.

Instituição da Assistência Estudantil na UFMG

Em 1929 é criada a Associação Universitária Mineira (AUM), primeira estrutura de assistência estudantil da Universidade de Minas Gerais (UMG). Entre suas funções, a AUM prestava assistência médica, odontológica, jurídica e material aos estudantes de baixa condição socioeconômica.

O professor José Baeta Vianna, outro entusiasta do projeto de assistência estudantil, cria, em 1936, a Assistência Universitária Mendes Pimentel (Aump), que assume as atividades de assistência da UMG.

Em 1949, a Aump começa a sofrer os reflexos das mudanças na Universidade com o processo de federalização e com a instituição, em 1951, da gratuidade no ensino da UMG. A gratuidade no ensino provoca, de imediato, a paralisação pela Aump dos empréstimos para matrícula e reflete no programa de assistência, já comprometido pela precariedade dos recursos recebidos pela instituição. Os anos seguintes são de instabilidade financeira na entidade. Mesmo nesse cenário difícil, alguns serviços, ainda que de maneira precária, continuam a ser prestados por meio das congregações, diretorias das escolas e faculdades, dos diretórios acadêmicos, do Diretório Central dos Estudantes e da Reitoria da Universidade.

A reestruturação da Fump e o novo nome 

Na década de 1960, a Aump passa por um processo de reestruturação comandado pelo professor Aluísio Pimenta, ex-bolsista da entidade, que assume a Reitoria em 1964 e se dedica à reorganização da assistência na UMG que, em 1965, passa a adotar o nome Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pelo novo estatuto, a Aump passa a atuar de forma mais universalista, atendendo a todos os estudantes da Universidade por meio de assistência social, oportunidades de estágio ou trabalho; serviços médicos, hospitalares e dentários; amparo financeiro para aquisição de livros e de material didático; assistência jurídica e alimentação sadia a custo acessível. Em 1966, a Aump começa também a administrar os Restaurantes Universitários criados nas escolas.

A garantia de um orçamento próprio para a assistência estudantil começa a se tornar realidade em 1972 com a criação do Fundo de Bolsas, constituído pelos recursos da taxa de matrícula e da anuidade paga pelos estudantes.

Em 1973, a Aump se torna Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump) e é reconhecida como entidade filantrópica na mesma década, o que lhe confere maior autonomia e viabiliza a isenção de impostos e o estabelecimento de convênios. Esse fato tem importância fundamental para consolidar a política de assistência na UFMG.

Os desafios enfrentados no período da ditadura militar

Durante o regime militar, um dos maiores desafios da Fump foi a gestão dos Restaurantes Universitários das escolas e do RU Setorial II, no campus Pampulha, inaugurado em 1979. A situação quase levou a Instituição à falência, em meados da década de 1980. A solução veio em 1987, quando a Reitoria assumiu o custeio dos restaurantes.

O período que corresponde ao Reitorado do professor Cid Veloso (1986 a 1990) é marcado por uma mudança substantiva nas relações entre a Fump e a UFMG, havendo maior integração, entrosamento e avaliação das estratégias de ação entre as duas instituições.

Em 1987 a Fump passa a gerir os Restaurantes Universitários sem qualquer ônus para a Universidade, concentrando-se assim em suas atividades fins. Com o equilíbrio financeiro das contas é possível manter reservas de recursos que no futuro possibilitarão a construção dos prédios das Moradias Universitárias.

Projetos e construções das Moradias Universitárias

Os anos 1990 significaram o início das discussões sobre a política de Moradia Universitária. Havia no campus Saúde a “Moradia Provisória Borges da Costa”, estrutura do desativado Hospital Borges da Costa, que foi ocupado por estudantes. Sem regulamento efetivo, essa moradia funcionava de forma precária e desordenada.

Em 1993 é formada uma Comissão Especial sobre Política de Assistência da UFMG, e em 1995 cria-se o Grupo de Trabalho para a Elaboração de Proposta para a Política de Moradia Estudantil da UFMG. A Comissão e o Grupo de Trabalho tornam-se marcos para a concretização das Moradias Universitárias. Em novembro de 1997 o Conselho Universitário instituiu o Programa Permanente de Moradia Universitária da UFMG, a ser administrado pela Fump.

Em 2001, é inaugurado o complexo da Moradia Universitária Ouro Preto I, em Belo Horizonte e, em 2002, começa a funcionar a residência de Montes Claros. Em 2006, os estudantes passam a contar com a Moradia Ouro Preto II, também em BH. 

Mais estudantes a serem apoiados e a necessidade de buscar por mais recursos 

A partir de 2008, a demanda pela assistência oferecida pela Fump começa a aumentar significativamente com a inclusão de mais estudantes pela UFMG por meio do Programa de Apoio ao Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e da política de bônus no vestibular que beneficia egressos das escolas públicas e candidatos que se declaram pardos ou negros.

Por outro lado, os recursos da instituição sofrem queda depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de considerar inconstitucional a Contribuição ao Fundo de Bolsas (CFB) que era vinculada à matrícula. Porém, o Ministério da Educação (MEC) cria o Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) cujos recursos têm ajudado a Fump a manter os programas de assistência destinados aos estudantes de baixa condição socioeconômica.

No segundo semestre de 2008, a Fump lança a Campanha de Contribuição Voluntária ao Fundo de Bolsas voltada para toda a comunidade acadêmica. Os recursos arrecadados com a campanha, somados à verba do Pnaes, vêm contribuindo para a manutenção dos programas de assistência oferecidos pela Fump.

A criação da Bolsa Apadrinhamento

Em 2009 o professor Romeu Cardoso Guimarães procura a Fump com o intuito de apadrinhar um estudante assistido pela Fundação. Alguns meses após essa ação, o doutor Cid Veloso se torna o segundo professor da UFMG a apadrinhar um estudante assistido. Em 2010, graças à iniciativa desses professores é criada a Bolsa Apadrinhamento.

Modificações nas estruturas da Fump

Em 2010, a grande conquista do ano foi a inauguração da Moradia Universitária Cyro Versiani dos Anjos, em Montes Claros, com 108 vagas. O terreno da nova moradia foi doado à Fump pela prefeitura de Montes Claros. Já antiga residência universitária, que ficava dentro do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) e oferecia 30 vagas, foi transformada em laboratórios e sala de professores.

Em julho de 2011 foi concluída a tão sonhada mudança da sede para a região da Pampulha. Os alunos assistidos da UFMG passaram a contar com o apoio da Fundação bem em frente a Universidade, facilitando ainda mais o acesso aos benefícios oferecidos. Em Montes Claros, também para facilitar o deslocamento dos alunos, o novo prédio da Gerência passou a funcionar ao lado do Restaurante Universitário. E ao citar o Restaurante Universitário ICA, lembramos que o local também passou por reformas e modificações, além de ganhar um novo mobiliário, proporcionando mais conforto aos usuários.

Mudanças nos RUs

Por proposta apresentada pela representação estudantil, em julho de 2012, o Conselho Universitário da UFMG instituiu o nível IV de classificação socioeconômica, que dá acesso exclusivo ao preço reduzido nos Restaurantes Universitários (RUs). Em 2013 o RU Setorial I foi reinaugurado com o objetivo de suprir a grande demanda do campus Pampulha com a chegada das novas instalações da Faculdade de Engenharia.

Reformas nas Moradias 

Durante o ano de 2014, foi inaugurada a Quadra Poliesportiva na Moradia Universitária Ouro Preto I e redes de internet sem fio foram instaladas em todas as Moradias. Em fevereiro de 2015 a Fump inaugurou a lavanderia na Moradia Universitária Ouro Preto I. 

Em Montes Claros as ruas do entorno da Moradia Cyro Versiani dos Anjos até a entrada do campus, foram asfaltadas. Uma parceria entre a Prefeitura e a Diretoria do ICA, que beneficiou toda a comunidade nas adjacências. No mesmo ano foi concluída a reforma do bicicletário da Moradia em Montes Claros e o local passou a ser protegido do sol e chuva, uma demanda necessária, uma vez que 90% dos residentes da Moradia fazem uso da bicicleta como meio de transporte para a Universidade. 

Adesão ao uso de alimentos derivados da agricultura familiar

Em 2016, os RUS do campus Pampulha e RU ICA começaram a fornecer frutas e hortaliças provenientes da agricultura familiar. Desde julho de 2018 todos os Restaurantes Universitários da UFMG são abastecidos com frutas, legumes e folhosos oriundos da agricultura familiar regional.

Aumento da inclusão na Universidade 

Também em 2016, os alunos que cursaram integralmente o ensino médio em escolas públicas alcançaram o maior patamar já atingido pela rede pública na UFMG em toda a sua história, somando 55% de todo o corpo discente.  Também nesse ano, os ingressantes com renda familiar de até cinco salários mínimos tornaram-se maioria e passaram a se distribuir de forma mais equilibrada entre os cursos, passando a alcançar também as formações mais concorridas, como Medicina e Direito.

Novas construções e iniciativas de inclusão social 

Em março de 2017 foi inaugurada a nova área de produção do Restaurante Universitário Setorial II. Fundado em 1979, essa foi a primeira grande reforma do RU após a construção do segundo andar (salão Ocre) na década de 1990. As obras foram realizadas entre janeiro e março e modernização não tinha o objetivo inicial de aumentar a produção. No entanto, a troca dos equipamentos otimizou a rotina de trabalho, o que implicou em ganhos de eficiência.

Em 2018 a tão aguardada Moradia Universitária Ouro Preto III foi inaugurada em Belo Horizonte, com mais 386 vagas. Em 2019, como parte de um projeto instituído pela UFMG visando o aumento da acessibilidade e inclusão na Universidade, os funcionários responsáveis pelo atendimento da Fump frequentam cursos de Libras para atender apropriadamente os estudantes surdos posicionados. 

O enfrentamento da pandemia de Covid-19

Com a chegada da pandemia de covid-19 em 2020, a Fump precisa se esforçar e se reestruturar para ser capaz de continuar apoiando os estudantes em um momento no qual as vulnerabilidades se agravam. Os Restaurantes Universitários e os atendimentos com assistentes sociais precisam interromper as atividades para proteção da saúde comunitária e, pela primeira vez, os funcionários administrativos da Fump têm que se adaptar ao trabalho remoto. 

Para enfrentar essas novas dificuldades, a Fundação cria iniciativas especiais. São disponibilizados aos estudantes das Moradias Universitárias termômetros digitais, dispensers com álcool em gel e máscaras de tecido produzidas pelos próprios moradores e financiadas pela Fundação. Esses estudantes recebem também doações de alimentos dos RUs, como hortifrutis e carnes, para compensar a infortuna inatividade dos restaurantes. Além disso, a Fump institui uma campanha de doação de computadores para os estudantes que precisam acompanhar as aulas remotas, mas não têm os equipamentos adequados. Cada computador doado pela população belo-horizontina é consertado pela equipe da T.I. e voluntários da escola de Engenharia, de modo a torná-los aptos ao uso. 

Durante o ano de 2021, os RUs podem finalmente retomar suas atividades e receber os estudantes que dependem do Programa de Alimentação. Para manter os cuidados contra a COVID-19, a quantidade de mesas e lugares disponíveis nos restaurantes é reduzida e divisórias de acrílico são instaladas em cada mesa, permitindo que os usuários retirem as máscaras com segurança. 

Ampliação de possibilidades

Em 2022, a Fump inaugura uma nova unidade de atendimento no edifício Acaiaca, localizado no centro de Belo Horizonte, com o objetivo de receber majoritariamente estudantes matriculados no campus Saúde, Faculdade de Direito e Escola de Arquitetura. No mesmo ano, o RU da Faculdade de Direito começa a servir café da manhã aos estudantes posicionados em nível I e os residentes das Moradias Universitárias adquirem a oportunidade de solicitar o recebimento de marmitex durante o jantar. Esta iniciativa possibilita que os moradores não precisem se deslocar até os restaurantes durante a noite e tenham mais tempo para se dedicar a outras atividades.

Em 2023, a Fump cria a Assessoria de Captação de Recursos, setor responsável por desenvolver planos e estratégias para ampliar a arrecadação de recursos financeiros destinados ao suporte dos estudantes e à manutenção da Fump. Além disso, no mesmo ano é inaugurada a expansão da Moradia Universitária Cyro Versiani dos Anjos em Montes Claros, projeto que disponibilizou mais 40 vagas aos estudantes do norte de Minas.

Nessas mais de nove décadas, a Fump tem proporcionado aos estudantes de baixa condição socioeconômica, além das condições de permanência, os instrumentos para o desempenho acadêmico de excelência, buscando minimizar as diferenças de oportunidades anteriores ao ingresso na UFMG.

E nossa história não termina aqui!